sábado, 30 de janeiro de 2010

Coração de papel



Coração de papel.




O que despeja na boca as palavras

E na morte é silêncio fatal

O que da ritmo ao corpo

Aos poucos se desmantela,

vira final

Mas o que pode se entender

sobre final?

Talvez o final seja o início

de um recomeço arrebatador

Uma nova chance de ser

aquilo que você mais....

...odeia.












Lispector







Maheli entrou desconcertada e confusa. Tom ficou enrolando Christine enquanto Mell fazia guloseimas; aliás se teletransportava até o Brasil para comprar pão de queijo e brigadeiro.
Tom tentava acalmar Christine que já esquecera que Robert estava no carro a sua espera.

- Vou dar uma saída! - disse Maheli.
- Aonde a srtª pensa que vai ? - disse Tom.
- Luzes, Chafaris, Torres... Dica! - gritou ela.
- Mas pra quê? - disse Tom.
- Vou exercitar o meu talento! - disse Maheli mostrando a camêra fotográfica de ultima geração que ela comprara um mês atrás no Japão.
- Esteja em casa antes del... Deixa pra lá! - disse Tom.
- Eu perdi alguma coisa? - disse Christine com uma cara acentuada de interrogação.
- Perdeu sim! - disse Maheli olhando pela janela.
- Ainda não entendi. - disse Christine.
- Seu marido está, exatamente, 48 minutos no carro á sua espera. - disse Maheli saindo.
- Ah meu Deus! Robert!- disse Christine pulando da poltrona amarela e correndo em direção a porta.
- Tomara que ele a distraia... - disse Robert.
- Cheguei! - disse Mel com um cesta cheia de guloseimas.
- Tarde demais, precisa se teletransportar mais rápido querida. - disse Tom.
- Pessoalzinho ingrato! Fui até o Brasil e ... - disse Mel.
- Chegamos! - disseram Britt e Dereck.
- Ah que bom! Sua mãe está louca te procurando! - disse Tom.
- Guloseimas? - disse Mel estendendo a cesta. Dereck me puxou e me levou para fora da casa, até que vimos Christine e Robert discutindo como de costume.
- Ah estão bem! - disse Dereck. Olhei para ele e sorri. Fui em direção a Christine e disse:
- Mãe! - ela olhou para trás e exageradamente gritou:
- Brittany! Nunca mais faça isso comigo menina! Você não sabe como...- ela foi interrompida pela voz mais doce, mais severa, mais linda, mais estrondosa, mais...- decidi parar de veneralo. Aliás é no casamento que a gente acaba se desiludindo. [pensei]
- Vamos nos casar! - disse Dereck.
- O que? - disse Christine.
- O que? - disse Robert.
- Você pode por favor parar de repetir minhas falas? - disse Chirtine.
- "Você pode por favor para....- disse Robert com uma voz fina e enjoada. Estava tentando imitar Christine. Eu não faria isso se fosse ele. Christine irou os brincos e foi para cima de Robert. Quando ela estendeu o braço para bater em Robert uma luz forte e incandescente nos cegou. E vinha dos arbustos.
- O que foi isso? - disse Tom.
- ET's! - gritou Christine.
- Não viaja mãe. - eu disse.
- Eu sabia! Já vi um deses... Vamos nos comunicar! - disse ela animada.
- Vamos ficar ricos! Pega a rede de pesca! - disse Robert.
- Não! Ele vai fugir até eu chegar em casa... - disse Christine.
- Tem uma no carro! - disse Robert.
- Por que você tem uma rede no carro? - perguntei assustada.
- Pra momentos como esse querida. - disse Christine. - Robertfechou a porta do carro de vagar e começou a andar em direção aos arbustos que não paravam de se mexer.
- Calma! Ele está agitado! - disse Christine. Outra vez fomos surpreendidos por uma luz forte.
- Ele vai me atacar! - disse Robert.
- Dereck vai ajudar Robert! - ordenou Christine. - Dereck se apoxímou e ajudou a lançar a rede.
- Pegamos! -gritou Dereck que ajudava a tirar o " ET" dos arbustos.
- Calma bebê, nós vamos cuidar de você! - disse Christine.
- Bebê?! - perguntei indignada.- Dereck por possuir uma força estrondosa puxou a rede e segurou a coisa que disparava luz... Olhamos aprensivos e dizemos juntos:
- Maheli?!
- É, tudo bem galerinha? - disse ela com vergonha e toda suja de verde.
- E eu estava animado em ter um ET de estimação. - disse Dereck jogando Maheli no chão e com o impacto outra luz forte abrilhantou nossa noite. Entramos e vimos uma mesa linda cheia de guloseimas e Mel disse:
- Eu sabia que vocês voltariam! - Maheli entrou por ultimo deixou a camera na estante pediu que todos se juntassem na mesa e disse:
- digam BIS! - e novamente aquela luz nos cegou! - E foi assim que tudo terminou... Eu, Dereck, minha família.... Nossa família! Como dizia Lispector.....
Senti que meu rosto em pudor sorria. Ou talvez não sorrisse, não sei. Eu confiava.Em mim? no mundo? na barata? Não sei. Talvez confiar não seja em quê ou em quem. Talvez eu agora soubesse que eu mesma jamais estaria à altura da vida, mas que minha vida estava à altura da vida. Eu não alcançaria jamais a minha raiz, mas minha raiz existia. Timidamente eu me deixava transpassar por uma doçura que me encabulava sem me constranger.
Até o fim daquilo que eu não era, eu era. O que não sou eu, eu sou. Tudo estará em mim, se eu não for; pois “eu” é apenas um dos espasmos instantâneos do mundo. Minha vida não tem sentido apenas humano, é muito maior - é tão maior que, em relação ao humano, não tem sentido. Da organização geral que era maior que eu, eu só havia até então percebido os fragmentos. Mas agora, eu era muito menos que humana - e só realizaria o meu destino especificamente humano se me entregasse, como estava me entregando, ao que já não era eu, ao que já é inumano. A minha outra metade que não era totalmente humana. Dereck! Meu mnóico, meu oposto mais gostoso. Minha outra face incuberta de descobertas extraordinárias.





FIM














André Alcantara.