sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Narcótico 2º parte cap 2

2ª parte do Cap. 2






















Casa de quem.







[Brittany]



- Na outra linha eu ouvia uma respiração ofegante e preocupada, até que disseram:

- É da casa de quem?

- Como da casa de quem? Você quem ligou! - reclamei.

- Desculpa! - disseram e desligaram.

- Gente estúpida! - eu disse botando o telefone no gancho. - Estava tão cansada que não tinha o mínimo de vontade de arrumar toda aquela bagunça. Amanhã é domingo e tenho uns 5 trabalhos para terminar... Minha tarde em Los Angeles me fez sentir como um pêndulo. Aquele sentimento de culpa por Dereck estar naquele lugar horrivel voltou á tona. Era como se o chão que eu pisava, fosse o mesmo me apoiava. Dereck era meu chão no olhar crítico e irônico de Melanny.

- Eu fingi que estava super normal quando vi Dereck naquele estado. O que vi foi demais, vazou por toda selva do meu ser. E nada, nada dentro de mim ficou intacto. Mesmo que ele não vá bem... Algo sempre me dizia que o sofrimento dele o fazia crescer, ir mais além... Não existe amor sem medo. Amo, e quero meu amor bem, mas ninguém nunca ficou 24 horas com o namorado! Como saber se ele está bem? Amar e temer. E entre esses dois sentimentos complexos estou eu.

- Acordei na manhã seguinte e fui arrumar a casa. Liguei o som e tocava "No one", a letra daquela música disparava flechas ponti-agudas sobre meu corpo. Até que para um dia sofredor e trabalhoso a noite chegou bem rápido.... Para o meu desespero!

Quem não tem pra quem se dar o dia é igual a noite. Tempo parado no ar.... Calor, insônia...

- As vezes sinto vontade de comer sonhos, de sonhar comidas ... Sou o avesso de uma cantiga. E ninguém nunca se importou, até porque meus sentimentos estão sempre á deriva... Num mar escuro e silêncioso, que me alisa a alma e me corta o pescoço. A água salgada do mar que penetra na minha pele me fez sentir repulsas de mim mesma. As vezes finjo ser forte, as vezes até acredito.







Segunda-Feira



- Hoje tenho que apresentar 3 dos 5 trabalhos que eu fiz ontem...

- Srtª Dickinson por favor.... - disse o Professor de literatura. - Era a minha vez! Eu não sabia bem o que estava fazendo mas fui lá na frente para apresentar meu "glorioso" trabalho.

- Comecei a ler:




Me vejo trancada

Pela culpa de ter te trancado

Te faço visitas, mas o que eu preciso

é me visitar e me entender

Tento cavar um túnel para chegar até você

E é quando eu descubro que só estou

afundando em mim mesma

Já que me sinto uma criminosa

Sairei pelas ruas roubando sussego das senhoras

Um pouco de paz interior

Marco um encontro comigo mesma

E acabo me dando um "bolo"

Um bolo sem sabor!

Me convenço de minhas tolices

E cancelo as visitas

Não sou mais uma delicada formada

Agora brigo por um pouco de sorriso

Planejo uma fuga em massa

Uma rebelião qualquer

que me devolva a graça

Aqui dentro, dentro de mim

Esse Sol quadrado não me aquece

O brilho dos meus olhos vão se acinzentando

E finalmente me entrego a noite que me entorpece.




- Laura se entregou aos prantos. Só ela sabia o que eu sentia....


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